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Minha primeira exposição de fotografia

  • ramcadaval
  • 27 de set. de 2020
  • 2 min de leitura

EXPEDIÇÕES

por Ricardo Cadaval

Jó era um homem rico e devoto. Tinha sete filhos, três filhas, sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas cabeças de gado e quinhentos burros. Seus desejos eram obedecidos e sua virtude, recompensada. Então, um dia, a desgraça abateu-se sobre ele. Os sabeus roubaram o gado e os asnos de Jó, suas ovelhas foram mortas por raios e os caldeus levaram seus camelos. Um furacão vindo do deserto destruiu a casa de seu filho mais velho, matando-o e aos irmãos. Chagas dolorosas surgiram no corpo de Jó, da sola dos pés ao alto da cabeça, e, sentado nas cinzas de sua casa, ele as coçava com um pedaço de louça quebrada e chorava.

Por que Jó fora atingido de tal forma? Seus amigos tinham a resposta. Ele havia pecado. Bildad, disse a Jó que seus filhos não poderiam ser mortos por Deus a menos que eles e Jó tivessem errado. “Deus não rejeita um homem do bem”, disse Bildad. Sofar, arriscou dizer que Deus se mostrou generoso no tratamento a Jó: ”Saiba, assim, que Deus cobrou menos do que merecia sua iniquidade”.

Mas Jó não podia aceitar tais palavras. Chamou de “provérbios das cinzas” e “defesas de argila”. Ele não fora um homem mau – por que, então, coisas ruins lhe ocorreram?

Solicitado a explicar a Jó por que ele sofria apesar de ser bom, Deus chama sua atenção para os poderosos fenômenos da natureza. Não se surpreenda porque as coisas não funcionam à sua maneira: o Universo é maior que você. Não se surpreenda por não entender por que elas não funcionam à sua maneira: pois você não pode conceber a lógica do Universo. Veja como você é pequeno ao lado das montanhas. Aceite o que é maior que você e não está ao alcance de seu entendimento. O mundo pode parecer ilógico a Jó, mas não significa que seja absurdo per se.

Existe, aqui, uma mensagem estritamente religiosa. Deus garante a Jó que ele tem um lugar em seu coração, embora nem todos os acontecimentos girem ao seu redor, podendo, às vezes, parecer ir contra seu interesse. Quando a sabedoria divina escapa ao entendimento humano, os virtuosos, conscientes de sua limitação diante do espetáculo da natureza sublime, devem continuar confiando nos planos de Deus para o universo.

Nossas vidas não são a medida de todas as coisas: considere os lugares sublimes como o lembrete da insignificância e da fragilidade humana. São os vastos espaços naturais que talvez nos ofereçam o melhor e mais respeitoso lembrete de tudo o que nos transcende. Se passarmos algum tempo nestes espaços, talvez nos ajudem a aceitar com mais elegância os grandes e inconcebíveis acontecimentos que molestam nossa vida.

A Arte de Viajar. Alain de Botton.

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